Paris… tropical

Ele deu-lhe um toque a avisar que havia chegado.
Nervosamente ela desceu ao seu encontro. O ar era quente e apenas corria uma brisa fresca que lhe acalmava a face rosada e ardente. Seguia de olhos pregados ao chão. Para disfarçar a sua ansiedade, ia admirando as suas sandálias pretas de salto alto que tanto gostava, mas que já as tinha visto vezes sem conta.
Timidamente, ele saiu do carro e esperou que ela se aproximasse.
Ela sorriu e olhou-o rapidamente. À primeira vista, parecera-lhe simpático e de cara laroca. Apercebe-se que está a pensar que ele não faz o seu género. Riu-se com o seu tão precipitado comentário. - Meu género?! Porque eu pensei isto se é apenas um amigo? Ainda nem o conheço … - Mas, o que é facto é que o seu coração começara a bater fortemente… de uma forma intensa e única jamais sentida até este momento...
- És muito desportivo – comentou, a rir
- E tu não és assim tão cota – gracejou ele em jeito de resposta
Ele era alto, corpulento. Muito giro, pensou ela. E educado, também Ele pensou praticamente o mesmo. A química foi instantânea … nem sabem como chegou… só sabem que a sentiram fortemente naquele preciso momento… O amor surgiu sem avisar e arrebatou-os sem piedade.
No carro, iam divertidos, alegres. Optaram por ir a um café. Foram comer umas torradas e ali ficaram a falar de nada…palavras soltas… conversas tontas…
Nenhum deles queria sair dali. Aquele lugar tão impessoal era ao mesmo tempo tão íntimo e aconchegante.
Mas, tudo tem um fim e quando pensavam que mal tinham começado a falar, o café já ia encerrar. Estava assim determinada a hora da despedida.
Nessa noite, encontraram-se nos sonhos…
As saídas foram-se sucedendo, até que não muito tempo depois, surgiu a confissão. Encontravam-se no carro. Tinham estacionado em frente a igreja da terra, para uns últimos mimos, quando ele lhe sussurrou timidamente ao ouvido, o tão esperado “eu amo-te” . Ela emocionou-se e chorou enquanto o beijava apaixonadamente. Ela demorou um pouquinho mais. Sabia que o amava, mas precisava de estar mais segura.
Tornaram-se inseparáveis. Cúmplices. Confidentes. Amigos.
Ela em tom de brincadeira, dizia que quando estava com ele, assumia uma personalidade diferente. Era como se fosse outra pessoa… mais livre, mais segura, e ele .. ele adorava!
Mas, é incrível a rapidez com que a vida muda. Perdem-se os nortes. A situação ficou fora de controle.
Quando um amor é grande, há que tomar muito cuidado. Tudo tem uma proporção enorme. Os ciúmes dominaram a relação. Com eles vieram os medos, a insegurança, desconfiança… e isto levou a inevitável ruptura! Foi o fim. Estava instalado o caos. E ele, recusou-se a continuar. Pôs termo ao namoro.
Afastaram-se dolorosamente. Ela sofreu muito… chorava todos os dias. Pedia ao Sol que lhe aquecesse o coração. E quando a noite chegava, antes de adormecer, olhava para a Lua e pedia-lhe que tomasse conta do seu amor. Deitava a pensar nele na ânsia de o encontrar no mundo dos sonhos…
E muitas vezes, o encontrou. E tantas vezes, foi imensamente feliz. Era um pesadelo… o despertar!
Passaram-se meses. Muitos. Até que no dia de Natal, o seu tlm entre tantas sms, recebe uma especial : a dele! Ele estava a desejar-lhe um feliz natal. Era a primeira vez, desde que se haviam separado. E assim, abriu-se uma janela …
Com o passar do tempo, a relação foi evoluindo. Passaram a falar com alguma frequência. Ela vê nele um amigo. E acha que ele também sente o mesmo. Falam das suas vidas. Ainda que ela o ame desde sempre, entende que ele é feliz com outra pessoa. Ama-o tanto que apenas deseja que ele seja feliz. Muito feliz seja lá com quem for!

Quando se encontra o nosso grande amor, é para sempre.... Ou então, não era um verdadeiro amor!

Quando se ama alguém, e não dá certo, não há que apagar memórias, nem rasgar a página.

Há sim, que mudar de livro e seguir em frente.
As memórias estarão sempre gravadas no nosso coração. É impossível esquecer.
Se fizemos determinadas coisas em determinadas alturas, foi porque achamos que foi o melhor. Não temos o porquê de nos arrependermos.
Mas, se eliminamos essas coisas, é porque estamos mal esclarecidos dentro de nós. Há algo errado. É porque não fomos sinceros.